Estudos epidemiológicos evidenciam que a maioria dos traumas psicológicos é causada pela própria humanidade. Guerras, violências, discriminações, negligências e desigualdades figuram entre os eventos mais traumatogênicos, gerando sofrimentos devastadores e ciclos progressivos de dores que colocam em risco a própria sobrevivência da nossa espécie.

No limiar de um ponto sem retorno, nós, profissionais da saúde mental de diversas culturas, idiomas e nações, unimos nossas vozes em um apelo urgente. Dirigimo-nos a todas as pessoas, nas famílias, comunidades, cidades, estados e países, com ênfase aos chefes de Estado e líderes governamentais, cujas decisões políticas e militares podem determinar o futuro da humanidade.

O tempo é curto, e a responsabilidade é de todos. É hora de praticar valores que sustentem a vida em sua plenitude: paz, compaixão, solidariedade, escuta sensível e perdão.

Todos os seres humanos, sem exceção, têm direito ao pertencimento, à saúde integral e à dignidade. Cada escolha deve considerar seu impacto sobre o bem-estar coletivo e o futuro das próximas gerações.

A seguir, apresentamos orientações para a prática de todos, especialmente daqueles engajados na resolução de impasses humanitários e geopolíticos, com o objetivo de romper ciclos traumáticos por meio de ações que promovam reconciliação e saúde mental global.

1. Escolha preservar a vida com atitudes que protejam, valorizem e sustentem a existência humana.
2. Decida agir com visão ética, ciente de que cada escolha molda o futuro comum da humanidade.
3. Opte por políticas e práticas que coloquem o bem-estar coletivo no centro das decisões e promovam paz, pertencimento e dignidade para todos.
4. Considere escutar com empatia, oferecendo sua presença sincera que ampara, fortalece e transforma.
5. Opte por perdoar, ser solidário e generoso, mesmo antes que o outro dê o primeiro passo.
6. Considere construir pontes por meio do diálogo cuidadoso, da escuta e do reconhecimento, sendo o exemplo de respeito e coexistência harmoniosa.

As escolhas de governos, empresas, organizações e indivíduos traçam o rumo psicológico, social e ecológico do futuro humano. Que a presente Carta Aberta, de alerta e orientações, ecoe como um chamado à consciência, à responsabilidade ética e à preservação da vida de todos, com a qualidade que desejamos para nossas famílias.